Frederico

Em um momento de profunda tristeza, quando a perda de uma grande amiga e o peso de uma depressão insuportável tomaram conta da minha vida, uma luz inesperada surgiu. Minha mãe, conhecendo a minha dor, me deu um presente especial: Fredinho, um filhote de cachorro de 90 dias. Sua chegada foi como um raio de sol em um dia nublado, e ele trouxe consigo uma força e uma alegria que eu nunca havia conhecido.

Fredinho não era apenas um cachorro; ele era meu parceiro, meu amigo. Nunca antes havia tido um animalzinho, e ele foi o primeiro a entrar em minha vida, mudando-a para sempre. Com ele, encontrei uma forma de lidar com minha dor, uma âncora que me ajudou a enfrentar cada dia com um pouco mais de esperança. Fredinho salvou minha vida de maneiras que palavras não conseguem descrever.

A vida, porém, não poupou Fredinho dos desafios. Anos atrás, a notícia devastadora chegou: ele foi diagnosticado com câncer. Esse diagnóstico veio um mês após a partida do meu pai, e a batalha para salvar a vida do meu melhor amigo começou. O câncer estava localizado em uma área delicada, entre uma veia e a tireoide, e todos os veterinários que consultei alertaram sobre os riscos e a dificuldade do tratamento.

Desesperada para encontrar uma solução, minha busca me levou até a USP, onde uma equipe extraordinária aceitou o desafio. A cirurgia foi um sucesso, e Fredinho iniciou um tratamento prolongado que durou quase dois anos. Hoje, ele está plenamente recuperado, e sua vitalidade é um testemunho da luta e da esperança que nunca abandonaram nossos corações.

Eu compartilho essa história para enfrentar um mal-entendido comum: as pessoas frequentemente julgam sem conhecer o contexto. Me perguntam como uma protetora pode ter um animal de raça, mas o que muitos não sabem é que Fredinho chegou até mim em um momento em que a adoção não era tão discutida quanto é hoje. Ele foi um presente, um raio de luz em um período sombrio, e agora, com 16 anos, é meu companheiro mais fiel.

O que desejo com este relato é que as pessoas parem de julgar o que não conhecem e, mais importante, que se lembrem de que, enquanto eu tive a oportunidade de buscar tratamento para Fredinho, muitos outros animais não têm a mesma sorte. Espero que, no futuro, haja mais especialistas e recursos para ajudar aqueles que precisam, assim como Fredinho teve a chance de ser salvo.

A história de Fredinho não é apenas sobre um cachorro e seu dono, mas sobre amor, luta e a importância de não desistir, não importa quão difícil seja a jornada.